A sociedade brasileira está anestesiada em relação à violência. Para os poucos que têm a ousadia de não morar em apartamento, nada mais natural que aparelhar a casa com cercas elétricas, câmeras e alarmes. Ah, e se não pagar escolta particular, estará correndo sérios riscos.
Para os mais endinherados, os condomínios fechados pipocam no que eram áreas rurais de grandes, médias e até pequenas cidades, a preços exorbitantes. Sair de casa, a pé, à noite? - pensamento mais insano!
Enfim, já demos a luta por vencida. Passear, ir ao cinema e fazer compras, só no shopping center, pagando um estacionamento pra lá de caro. E na hora de ir embora, cuidado com os sinais vermelhos!
Quando vamos para fora do país - e não precisa ir muito longe, basta tomar Buenos Aires ou Santiago como exemplo - é que ficamos boquiabertos: "puxa, aqui é seguro andar pelas ruas à noite". Quando deveríamos, todos os dias, nos surpreender pelo fato de ver o nosso direito de ir e vir definhando cada vez mais.
O cérebro foi feito para se adaptar, culpa dele! Desde os primórdios o ser humano se adapta para sofrer menos, é fato. Mas a pergunta é: estamos sofrendo menos ao deixar de lado o problema da violência?
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